sábado, 27 de fevereiro de 2010

Quero dizer que te amo. Mandar publicar nos jornais, que hoje me veio a coragem e a vontade da divulgação. Amo adivinhar segredos nas meninas dos teus olhos. Amo suas faces coradas, tuas formas tão incertas e a certeza da mais pura alma... estes pequenos encontros com Deus. Quero que saibam das violetas e do teu dom de cultivá-las. Quero que saibam dos teus canteiros de lírios, dos teu hibiscos, da gangorra no abacateiro, do teu regresso de menino. Quero que saibam das nossas letras nas fronhas, das flores amarelas no papel de seda, dos teus rascunhos, da conclusão. Quero que saibam dos passos ensaiados e dos poemas ocultos. Quero propagar o chumbo nas letras, tua colcha de retalhos, cerzir tuas artes coloridas. Quero que saibam do Drummond no criado mudo, da poesia me espreitando, da cor carmim e carvão à Marisa Monte, dos teus dedos no violão, dessa música que fertiliza meus dias, desse gosto requintado do meu bem. Não cabe calar-me, se te defino num artigo. E só voltar ao sossego depois da manchete em letras garrafais. E meu amor em negrito.

Distar

Agonizam os sentidos.
Lábios sedentos, beijos não roubados.
Estado de anseio, corpos desfigurados.
Anjos demoníacos.
A dor de velhas lembranças, versos adormecidos.
Vozes enclausuradas, almas sem comunhão.
Fuzilamentos.
O céu desfeito de azul.
O azul espremido em olhos cerrados.
Girassóis em estado de semente.
Manuscritos com rasura de anos.
Juras de amor não lidas.
Sonhos envenenados de chumbo.
Escombros sem lua.
Violetas nuas.
Silêncio.
Tuas visitas abortam ausências.
Trazem o tato exato,
o rasto da alma na palma da mão.
Eu quero a soma dos teus beijos,
teu plural tão singular.
O som do teu sorriso é o que sacia,
depois vicia e viola esse silêncio secular.
Superfícies alvas, consistências salvas,
alvíssaras vastas, contemplação.
Teu sopro no meu destino
segrega as pausas e dizima sevícias.
Consagra-me com teus pecados santos.
Tatua teu corpo no meu
e torna esse acréscimo indivisível.
Chega sem intenção de partida,
pemanece,
pereniza-me.
Há olhos flertando com os meus,
lanternas para perder-me em estado de graça.
Há lábios que aguçam paladares,
amoras maduras afrontando meu desejo de mel.
Dois corpos se abraçam,
se abrasam e se fundem num só.
Não há distâncias entre minha alma e a tua.
Janelas abertas, o sol inundando-me de um calor que não cessa de aquecer.
E derreto dores, mágoas, rasuras.
As fissuras se desfazem uma a uma.
Tudo une, acrescenta, se completa e quer juntar.
Há um todo perfeito do qual fazemos parte.
Só quedaram os muros, angusturas.
Não há portas fechadas para nós.
Nem portos em que se ancore tamanha ventura.
Não há pontos de partida nem de chegada.
Caminhamos no mesmo passo e isso nos basta.
Vem!
Meu verbo urge.
Tua língua traça meu norte.
Visita meus longes
e transcreve o contorno dos meus delírios.
Teu nome me pereniza
e inspira revoluções
que só nossas retinas testemunham.
Chega mais perto,
aguça meus sentidos,
dilata meus prazeres.
Mira meus horizontes
e acrescenta estrelas para guiar-me.
Impulsiona as engrenagens do universo.
Concede vícios
aquece músculos
do que mesmo vivo,
faz-se inerte.
Enrubesce o fruto,
adocica-lhe a polpa
para que nutra sem limites
as céluas da boa aventurança.
Reescreve a história da criação
nas linhas brancas do meu princípio
Ajunta minhas geometrias
e compões o universo
onde amamentas os anjos
que me inspiram.
Dicionariza meu vocabulário.
Concebe sinônimos
para o que ainda é mudo nos meus lábios.
Inventa os mais lindos predicados
para os sujeitos que me interrogam
pelos objetos e predicativos
que tu ocultas.
Traduz em ti o meu latim.
Dá claridade ao que vislumbro.
Inaugura as palavras
que fuzilarão o silêncio.
Liberta o que é cor e traço.
Conclui o que é rascunho
e converte em arte o que é poesia.
Vem!
Meu verbo urge.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

'...alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso. mas meu corpo inteiro se revolta quando gosto de alguém. me armo inteira pra correr pra bem longe e pra lutar com unhas gigantes quem tentar impedir. me mata constatar como é ridículo ficar com saudade só de você ir tomar banho. ter que sentir ciúme ou mágoa ou solidão e sorrir para não ser louca. eu sinto de um tamanho que eu não tenho e então começo a adoecer, como sempre...'


'sabe o que mais me intriga?
que mesmo cm erros e acertos,
ainda largaria TUDO por vc.
encararia o que fosse preciso...
eu invadiria sua mente
e te diria que não precisa temer,
que eu estou aqui,
que vou estar do seu lado...
que vou te amar pra sempre.
eu bateria na cara de quem ousasse dizer seu nome em vão,
eu não me contentaria em simplesmente te ver sem sorrir...
me intriga, que mesmo com tudo isso...
eu ainda te amaria da mesma forma.
talvez até mais. '

(Jéssica Carolina)

"preciso sim, preciso tanto. al
guém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser ao conjunto teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho carente, tigre e lótus."

(Caio F. Abreu)
Pra você pareço ter guardado o melhor de mim.
Os sorrisos mais abertos,
tentando compreender como vc me tem assim.
Os olhares mais honestos,
imaginando como seria ter vc sempre aqui.

As dores mais perversas,
de não conseguir te imaginar com outra.
Os pensamentos mais imponentes,
pensando se outrora já fui assim tão louca.

Os segredos mais abertos,
por confiar em vc como se fosse um anjo.
Os votos mais singelos,
para que sejamos felizes amando.
Os suores mais reais,
De quem se entrega sem pensar em coisas banais.

O coração mais acelerado,
de quem adoece se não estiver ao seu lado.
As lágrimas mais torturantes,
de quem já não sabe mais...
viver sem vc a todo instante !

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

'Só eu posso mante-lo vivo assim, cheio de si, cheio de músculos, víceras e falta de ar. Só eu posso trazer o remédio que te cura a existência, o fel que te amarga a garganta, a dose que me toma inteira. Só eu posso te matar de amor, te matar de ódio e de medo. Só eu te abro os olhos pro mundo que existe, te abro os gritos para que saia de si, te abro a vida para que mergulhe nela. Só eu posso fazer minha sua alma, posso te invadir a boca, te implorar calor. Só eu posso te fazer andar tranquilo, acordar sereno e dormir sedento. Sò eu posso te fazer feliz, só eu posso, só eu.'

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

querer tudo
querer nada
querer coisas que não existem
querer descrever coisas que nao se descrevem
querer viver o abstrato
querer morrer
querer renascer
querer vc
querer eu
querer nós
querer o mundo
simplesmente querer


/por uma pessoa MUITÍSSIMO importante ;)
o sangue quente, enérgico, dorido
nesse habitat intempestivo, mordaz
não faziam bem a essa moça
que naturalmente fugaz, queria ser outra
libertada, meio escrava do pecado e do perigo
alguém que foge á espreita
na busca incessável de abrigo
te vi e achei impossível
reconhecer assim alguém
os olhos, a boca e as palavras
tinha alguma coisa que me fez
refém, e mesmo assim deixei pra lá
se fosse coisa de alma
a gente ainda iria
se encontrar, por aí destraído
mesmo que um ano dois depois
e por mero descuido, num bar de hotel
aqueles mesmos olhos que tinham
o verde misturado ao mel
e os nossos cabelos de mesma cor
faziam pensar em alma gemêa, metade
coisa de quem anda apaixonada
e não enxerga nenhuma verdade

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Eu quero me jogar da pedra mais alta,
Quero imaginar que posso voar,
Quero ocupar minha mente com coisas abstratas,
Quero voltar a sonhar.

Quero fingir que estou bem,
Abrir um sorriso verdadeiro,
ou imaginar que nenhuma dor vem além.

Quero migalhas ou restos,
Quero flores no chão.
Quero sentidos e lindos gestos,
Quero imaginar que dias melhores virão.

Quero viver sem tristezas,
Quero parar com o tempo agora,
Quero mudar minha vida inteira,
Quero acordar bem longe na próxima aurora