sexta-feira, 10 de setembro de 2010

elementíssimos.

O céu tá bagunçado mas a terra tá revirada.
O ar vem embaçado, cansado, pesado.
Mas a chama vem em nervos, louca, desenfreada.

Pisando nesse chão, até o inferno fica frágil.
Quase não há sanidade, quase não há pureza.
Então se não dentro da própria alma
onde mais posso achar beleza?

Aquele ceu parece cair,
Aquela terra começa a ceder
Aquele ar parece ferir
Aquele fogo te faz temer.

uns outros fora de mim.

Enquanto as pessoas se esforçam pra enganar a solidão, estou aqui largando os medos no porão.
Enquanto os falsos se intrometem na vida alheia, me abstenho em não me sujar com essa poeira.
Enquando a inveja toma conta dos outros corações, faço flores em meio minhas tantas emoções.
Enquanto a falta de amor corrompe as veias daqueles que sentam ao lado, minha explosão de sentimento faz nesses uma ferida, como espinhos encravados.

A felicidade, de tão suprema, encomoda os sujos, não fortalece alma alguma, se não a de quem a vive.
Aos outros que não são amados (e me refiro agora aos que não merecem, em minha opinião) que caiam e padeçam num poço infinito de vermes. Vermes asquerosos, corruptos, perdidos, falsos, usurpadores. Vermes que não merecem sequer a luz do sol, sequer os escrementos cuspidos do ser mais repugnante da terra.

Faço enfim do meu desabafo, uma forma de pisar nas baratas (ou os vermes, como preferir). Forma essa de esculpir em minha cara essa felicidade doida, esquisita, estridente. Felicidade baseada na mais íntima relação de amor.
Desculpem vermes, mas eu (nem nada/ninguém nesse mundo) não preciso da existencia desescrupulosa e nojenta de vcs!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Somos todos imortais. Teoricamente imortais, claro. Hipocritamente imortais. Porque
nunca consideramos a morte como uma possibilidade cotidiana, feito perder a hora no
trabalho ou cortar-se fazendo a barba, por exemplo. Na nossa cabeça, a morte não
acontece como pode acontecer de eu discar um número telefônico e, ao invés de alguém
atender, dar sinal de ocupado. A morte, fantasticamente, deveria ser precedida de certo
'clima', certa 'preparação'. Certa 'grandeza'. Deve ser por isso que fico (ficamos todos, acho) tão abalado quando, sem nenhuma preparação, ela acontece de repente. E então o espanto e o desamparo, a incompreensão também, invadem a suposta ordem inabalável do arrumado (e por isso mesmo 'eterno') cotidiano. A morte de alguém conhecido e/ou amado estupra essa precária arrumação, essa falsa eternidade. A morte e o amor. Porque o amor, como a morte, também existe - e da mesma forma, dissimulada. Por trás, inaparente. Mas tão poderoso que, da mesma forma que a morte - pois o amor também é uma espécie de morte (a morte da solidão, a morte do ego trancado, indivisível, furiosa e egoisticamente incomunicável) - nos desarma. O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade."
'...E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também...' CFA

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sorrir e achar felicidade nunca parece o bastante.
Sempre á algo que vai te deixar atrapalhado.
Tenho tentado transformar minhas dores físicas em passagens pelo inferno.
Tenho tentando brigar com minha saúde para que ela se aquiete.
Tenho tentando transformar os medos em borboletas no estômago.
Tenho vivido de amor, tenho me abastecido se sentimentos bons.
Tenho vontade de manter pra sempre assim,
sem volúpias, sem adereços, sem manchas escuras.
Tenho vivido dias lindos, dias de glória, dias de surpresas.
Que continue assim não só pra mim.

domingo, 11 de abril de 2010

Há um lábio que aguça meu paladar... como amoras maduras, afrontando meu desejo de mel.
Dois corpos que se abraçam, se abrasam e se fundem num só.
não há distâncias entre minha alma e a sua...
Janelas abertas, o sol inundando-se num calor.
E esqueço mágoas, dores, rasuras...

As fissuras se desfazem uma a uma.
Tudo une, acrescenta, se completa e quer juntar...
Há um todo perfeito do qual fazemos parte
Quebram muros, angustias...
Não há portas fechadas para nós
Nem portos que ancore tamanha ventura

Não há pontos de partida nem chegada,
Caminhamos no mesmo passo e isso nos basta
Nosso deus é nosso amor.
'tenho sonhado tanto e esquecido mais
superfícies pautadas de branco
e reis que não se sagram
castelos que não se erguem
solos que não se cultivam
cores que não se miram
rimas que não se tocam
cantigas que não se entoam
salmos que não se escrevem
verbos que não se despertam
latim que não se traduz
se ao menos passasses por aqui
se estalasse os dedos ou me lançasses um olhar
mesmo mais rápido que a luz
já haveriam astros sobre minha cabeça
e eu poderia povoar o mundo de luas e sóis
Eu falaria do homem no arranha céu
a assinas papeis e devorar cigarros
Mas eu falaria mais da sua vontade
e de como vc para o transito da segunda feira
vc seria o comentário do dia nas repartições públicas
inspiraria minhas crônicas e poemas
vc viraria literatura
se ao menos vc passasse por aqui agora, nesse momento.
se estalasse o dedo, ou me lançasse um olhar
eu dizimaria o silencio,
e se ficasse um pouco mais,
dançaria contigo uma valsa qualquer sobre os escombros,
qualquer lugar que pudesse te abraçar...'

domingo, 21 de março de 2010

'... a princípio eu não sabia intender porque ele teve o trabalho de me conquistar. talvez por capicho, ou por pena de ver um coração gelado, ou pra provar pra ele mesmo o que ele poderia fazer com uma mulher, ou simplesmente pq ele não sabia o que estava fazendo...' Jéssica Carolina

quinta-feira, 18 de março de 2010

Nunca imaginei que certas coisas fossem tão difíceis de fazer... meu coração não quer funcionar direito, ele para a cada 10 segundos e depois acelera freneticamente. 'Deus, será que vou morrer?' E Deus me disse que não se morre por amor. Mas eu retruquei 'então porque meu coração tá assim? meu peito parece ter sido esmagado por um bloco de concreto qualquer...' Deus então me disse novamente... 'Filha, acalma que ventos novos virão...' 'Mas Deus, eu tenho medo do que eles possam me trazer... Tenho sofrido, mas tenho vivido, se trouxer algo que meu coração não aguenta eu não vou suportar...' e Deus me disse de novo 'Não se morre por amor'. 'O Senhor pode ver meu coração, pode ver meus sonhos frustrados e minhas vontades que NUNCA são realizadas' 'Mas as suas vontades dependem da vontade de outra pessoa, que no momento não está interessado como vc...' 'Tá Deus, vc ganhou, estou exausta... prefiro morrer' :x

terça-feira, 16 de março de 2010

'...e percebeu que as pessoas falavam demais. Não intendiam bem o que acontecia, mas falavam. Pelo simples fato de querer falar e fazer alguma diferença. Esse é o problema das pessoas, elas querem ser algo na vida de todo mundo, seja isso bom ou ruim. Eu mesma era alguém que falava tanto... É engraçado como a vida nos vira de uma hora pra outra sem dó nenhuma, aposto até, que ela ri. Eu, que era cheia das manias, cheia de auto suficiencia... Eu que achava que daria conta de tudo, que o mundo era meu e podia abraça-lo, que o amor nunca me tocaria porque eu não ia deixar, que só sofreria por opção, que minhas constancias nunca atrapalhariam minha sanidade... Eu que era tão certa das minhas escolhas me deparei sem saber como reagir. Me vi completamente apaixonada e submissa a esse sentimento, me vi besta sorrindo atoa, me vi chorando e duvidando daquilo que saía dos meus olhos por causa de alguém, me vi frágil e quebrável. Eu me vi ansiosa, me vi sofrer, me vi querer... Me vi egoísta, me vi não querendo dividir nada com ninguém, me vi completamente alucinada. Me vi querendo ser melhor, me vi querendo fazer alguém feliz, me vi querer ser TUDO na vida de alguém, me vi acreditando esperançosamente num amanha melhor, me vi querendo beijo, corpo e carinho, me vi querendo uma vida inteira com alguém, me vi estranha, me vi lunática, me vi amando... E sobre os outros? Deixem que falem... Eu me vi pensando em mim e em nós, e não sei ver mais nada..." (Jéssica Carolina)

terça-feira, 2 de março de 2010

Eu me desfaleço por você.
Te torno meu vício mais constante.
Junto o mel do teu corpo,
com a medida exata do instante.
Te faço um pedido,
clamando por amor.
Vigio seus movimentos
e me visto com seu calor.
Fico com alma nua
e te entrego meu sabor.
Encaro seus olhos,
em busca do brilho protetor.

Faço hora, faço dengos,
Te dou sorrisos exatos
Te lanço desejos lentos.
Por fim sem mais demora,
Ouso sentimentos intactos,
Aconchegando minha vida
na força bruta do seus braços.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Quero dizer que te amo. Mandar publicar nos jornais, que hoje me veio a coragem e a vontade da divulgação. Amo adivinhar segredos nas meninas dos teus olhos. Amo suas faces coradas, tuas formas tão incertas e a certeza da mais pura alma... estes pequenos encontros com Deus. Quero que saibam das violetas e do teu dom de cultivá-las. Quero que saibam dos teus canteiros de lírios, dos teu hibiscos, da gangorra no abacateiro, do teu regresso de menino. Quero que saibam das nossas letras nas fronhas, das flores amarelas no papel de seda, dos teus rascunhos, da conclusão. Quero que saibam dos passos ensaiados e dos poemas ocultos. Quero propagar o chumbo nas letras, tua colcha de retalhos, cerzir tuas artes coloridas. Quero que saibam do Drummond no criado mudo, da poesia me espreitando, da cor carmim e carvão à Marisa Monte, dos teus dedos no violão, dessa música que fertiliza meus dias, desse gosto requintado do meu bem. Não cabe calar-me, se te defino num artigo. E só voltar ao sossego depois da manchete em letras garrafais. E meu amor em negrito.

Distar

Agonizam os sentidos.
Lábios sedentos, beijos não roubados.
Estado de anseio, corpos desfigurados.
Anjos demoníacos.
A dor de velhas lembranças, versos adormecidos.
Vozes enclausuradas, almas sem comunhão.
Fuzilamentos.
O céu desfeito de azul.
O azul espremido em olhos cerrados.
Girassóis em estado de semente.
Manuscritos com rasura de anos.
Juras de amor não lidas.
Sonhos envenenados de chumbo.
Escombros sem lua.
Violetas nuas.
Silêncio.
Tuas visitas abortam ausências.
Trazem o tato exato,
o rasto da alma na palma da mão.
Eu quero a soma dos teus beijos,
teu plural tão singular.
O som do teu sorriso é o que sacia,
depois vicia e viola esse silêncio secular.
Superfícies alvas, consistências salvas,
alvíssaras vastas, contemplação.
Teu sopro no meu destino
segrega as pausas e dizima sevícias.
Consagra-me com teus pecados santos.
Tatua teu corpo no meu
e torna esse acréscimo indivisível.
Chega sem intenção de partida,
pemanece,
pereniza-me.
Há olhos flertando com os meus,
lanternas para perder-me em estado de graça.
Há lábios que aguçam paladares,
amoras maduras afrontando meu desejo de mel.
Dois corpos se abraçam,
se abrasam e se fundem num só.
Não há distâncias entre minha alma e a tua.
Janelas abertas, o sol inundando-me de um calor que não cessa de aquecer.
E derreto dores, mágoas, rasuras.
As fissuras se desfazem uma a uma.
Tudo une, acrescenta, se completa e quer juntar.
Há um todo perfeito do qual fazemos parte.
Só quedaram os muros, angusturas.
Não há portas fechadas para nós.
Nem portos em que se ancore tamanha ventura.
Não há pontos de partida nem de chegada.
Caminhamos no mesmo passo e isso nos basta.
Vem!
Meu verbo urge.
Tua língua traça meu norte.
Visita meus longes
e transcreve o contorno dos meus delírios.
Teu nome me pereniza
e inspira revoluções
que só nossas retinas testemunham.
Chega mais perto,
aguça meus sentidos,
dilata meus prazeres.
Mira meus horizontes
e acrescenta estrelas para guiar-me.
Impulsiona as engrenagens do universo.
Concede vícios
aquece músculos
do que mesmo vivo,
faz-se inerte.
Enrubesce o fruto,
adocica-lhe a polpa
para que nutra sem limites
as céluas da boa aventurança.
Reescreve a história da criação
nas linhas brancas do meu princípio
Ajunta minhas geometrias
e compões o universo
onde amamentas os anjos
que me inspiram.
Dicionariza meu vocabulário.
Concebe sinônimos
para o que ainda é mudo nos meus lábios.
Inventa os mais lindos predicados
para os sujeitos que me interrogam
pelos objetos e predicativos
que tu ocultas.
Traduz em ti o meu latim.
Dá claridade ao que vislumbro.
Inaugura as palavras
que fuzilarão o silêncio.
Liberta o que é cor e traço.
Conclui o que é rascunho
e converte em arte o que é poesia.
Vem!
Meu verbo urge.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

'...alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso. mas meu corpo inteiro se revolta quando gosto de alguém. me armo inteira pra correr pra bem longe e pra lutar com unhas gigantes quem tentar impedir. me mata constatar como é ridículo ficar com saudade só de você ir tomar banho. ter que sentir ciúme ou mágoa ou solidão e sorrir para não ser louca. eu sinto de um tamanho que eu não tenho e então começo a adoecer, como sempre...'


'sabe o que mais me intriga?
que mesmo cm erros e acertos,
ainda largaria TUDO por vc.
encararia o que fosse preciso...
eu invadiria sua mente
e te diria que não precisa temer,
que eu estou aqui,
que vou estar do seu lado...
que vou te amar pra sempre.
eu bateria na cara de quem ousasse dizer seu nome em vão,
eu não me contentaria em simplesmente te ver sem sorrir...
me intriga, que mesmo com tudo isso...
eu ainda te amaria da mesma forma.
talvez até mais. '

(Jéssica Carolina)

"preciso sim, preciso tanto. al
guém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser ao conjunto teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho carente, tigre e lótus."

(Caio F. Abreu)
Pra você pareço ter guardado o melhor de mim.
Os sorrisos mais abertos,
tentando compreender como vc me tem assim.
Os olhares mais honestos,
imaginando como seria ter vc sempre aqui.

As dores mais perversas,
de não conseguir te imaginar com outra.
Os pensamentos mais imponentes,
pensando se outrora já fui assim tão louca.

Os segredos mais abertos,
por confiar em vc como se fosse um anjo.
Os votos mais singelos,
para que sejamos felizes amando.
Os suores mais reais,
De quem se entrega sem pensar em coisas banais.

O coração mais acelerado,
de quem adoece se não estiver ao seu lado.
As lágrimas mais torturantes,
de quem já não sabe mais...
viver sem vc a todo instante !

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

'Só eu posso mante-lo vivo assim, cheio de si, cheio de músculos, víceras e falta de ar. Só eu posso trazer o remédio que te cura a existência, o fel que te amarga a garganta, a dose que me toma inteira. Só eu posso te matar de amor, te matar de ódio e de medo. Só eu te abro os olhos pro mundo que existe, te abro os gritos para que saia de si, te abro a vida para que mergulhe nela. Só eu posso fazer minha sua alma, posso te invadir a boca, te implorar calor. Só eu posso te fazer andar tranquilo, acordar sereno e dormir sedento. Sò eu posso te fazer feliz, só eu posso, só eu.'

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

querer tudo
querer nada
querer coisas que não existem
querer descrever coisas que nao se descrevem
querer viver o abstrato
querer morrer
querer renascer
querer vc
querer eu
querer nós
querer o mundo
simplesmente querer


/por uma pessoa MUITÍSSIMO importante ;)
o sangue quente, enérgico, dorido
nesse habitat intempestivo, mordaz
não faziam bem a essa moça
que naturalmente fugaz, queria ser outra
libertada, meio escrava do pecado e do perigo
alguém que foge á espreita
na busca incessável de abrigo
te vi e achei impossível
reconhecer assim alguém
os olhos, a boca e as palavras
tinha alguma coisa que me fez
refém, e mesmo assim deixei pra lá
se fosse coisa de alma
a gente ainda iria
se encontrar, por aí destraído
mesmo que um ano dois depois
e por mero descuido, num bar de hotel
aqueles mesmos olhos que tinham
o verde misturado ao mel
e os nossos cabelos de mesma cor
faziam pensar em alma gemêa, metade
coisa de quem anda apaixonada
e não enxerga nenhuma verdade

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Eu quero me jogar da pedra mais alta,
Quero imaginar que posso voar,
Quero ocupar minha mente com coisas abstratas,
Quero voltar a sonhar.

Quero fingir que estou bem,
Abrir um sorriso verdadeiro,
ou imaginar que nenhuma dor vem além.

Quero migalhas ou restos,
Quero flores no chão.
Quero sentidos e lindos gestos,
Quero imaginar que dias melhores virão.

Quero viver sem tristezas,
Quero parar com o tempo agora,
Quero mudar minha vida inteira,
Quero acordar bem longe na próxima aurora

domingo, 3 de janeiro de 2010

Caio Fernando me veio dizendo em sonho -sossega, sossega, o amor não é pro teu bico.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ah olhos escuros...
porque meus olhos claros te querem tanto?
Tenho a boca afiada de punhais
não choro
olho os faróis com duros olhos
ardidos de quem tem febres
mas não sangro
as mãos vazias deixam passar o vento
lavando os dedos que não se crispam
não há palavras, nem mesmo estas
o único sentido de estar aqui
é apenas estar secamente aqui
cravado como um prego
em plena carne viva da tarde.
"(...) Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer."
'Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.
Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.'
querer ser minha própria razão,
querer ser meu próprio motivo,
querer ser viciada em mim,
querer ser apaixonante,
querer ser apaixonada,
querer ser vida,
querer ser,
querer,

querer não querer nada.
"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem"

Caio Fernando
"...a dor que eu sentia não era explícita, ela me corroía por dentro, enchia de buracos meu coração, eu rolava noites inteiras no meu lençol encardido gritando calado a falta que fazia"