domingo, 3 de janeiro de 2010

Caio Fernando me veio dizendo em sonho -sossega, sossega, o amor não é pro teu bico.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ah olhos escuros...
porque meus olhos claros te querem tanto?
Tenho a boca afiada de punhais
não choro
olho os faróis com duros olhos
ardidos de quem tem febres
mas não sangro
as mãos vazias deixam passar o vento
lavando os dedos que não se crispam
não há palavras, nem mesmo estas
o único sentido de estar aqui
é apenas estar secamente aqui
cravado como um prego
em plena carne viva da tarde.
"(...) Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer."
'Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.
Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.'
querer ser minha própria razão,
querer ser meu próprio motivo,
querer ser viciada em mim,
querer ser apaixonante,
querer ser apaixonada,
querer ser vida,
querer ser,
querer,

querer não querer nada.
"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem"

Caio Fernando
"...a dor que eu sentia não era explícita, ela me corroía por dentro, enchia de buracos meu coração, eu rolava noites inteiras no meu lençol encardido gritando calado a falta que fazia"